Alain Finkielkraut entra para a Academia francesa

       finkielkraut

          Eleito desde 10 de abril de 2014,  Alain Finkielkraut, filósofo francês de origem polonesa, finalmente assumiu ontem a cadeira 21 da Academia francesa, que outrora foi ocupada pelo escritor Félicien Marceau (pseudônimo de Louis Carette).

           Na cerimônia de posse ocorrida no dia 28 de janeiro desse ano, o mais novo imortal da Academia foi recebido pelo ocupante da cadeira 27, ou seja, pelo historiador francês Pierre Nora, super renomado pelo seu trabalho em torno do conceito “lieux de mémoire” (lugar de memória).

           Conhecido por sua resistência à modernidade, Alain Finkielkraut vive afirmando que não tem telefone celular, nem e-mail e que não gosta da nossa época atual, pois ela se pretende saber tudo. Ele é o típico intelectual francês que a cada frase inclui uma citação adaptada de um filósofo renascentista ou iluminista. Uma das citações de Montaigne que ele cita sempre e que eu adoro é essa aqui: “Celui qui me contredit, m’instruit” (Aquele que me contradiz, instrui-me).

            De gênio forte e sempre polêmico ao abordar questões relacionadas à identidade francesa e ao islamismo, Finkielkraut é um dos filósofos da atualidade mais midiatizados da França, pois ele frequentemente participa de debates na TV por aqui. Recentemente ele participou do programa: Des paroles et des actes, apresentado por David Pujadas no canal France 2, onde uma professora de inglês, de origem muçulmana o chamou de pseudo-intelectual e destacou ainda que sua presença nas mídias contribue para  banalizar o racismo anti-muçulmano. Como o filósofo tem o hábito de mandar seus colegas de debate calarem a boca, utlizando a expressão em francês: “Taisez-vous”!  (Cale-se), a professora não se fez de rogada e finalizou seu discurso dizendo: “Pour le bien de la France, taisez-vous M. Finkielkraut!”. (Pelo bem da França, cale-se Sr. Finkielkraut!). 

          Amado por uns e odiado por outros, Alain Finkielkraut é antes de tudo um apaixonado pela cultura francesa e um defensor da língua e da identidade cultural do seu país. Nós podemos constatar isso através dos seus livros e artigos publicados. Influenciado pelos filósofos Hannah Arendt e Emmanuel Lévinas, suas obras também giram em torno do antissemitismo e da questão judaica.

 


Breve resumo de sua biografia:

          Alain Finkielkraut é um filósofo, ensaísta e escritor de mais de trinta livros.

          Apesar de ser filho de pai judeu polonês, Finkielkraut nasceu em Paris no dia 30 de junho de 1949. Em 1969, ele iniciou seus estudos em Letras modernas na École Normale Supérieure de Saint-Cloud.
          De 1989 a 2014, ele ensinou filosofia e história das idéias na École Polytechnique.

           No dia 10 de abril de 2014, ele foi eleito para a Academia francesa.

> Livros publicados no Brasil:

– A derrota do pensamento

–  A ingratidão

–  A humanidade perdida, ensaio sobre o século XX

–  Um coração inteligente

–  A memória vã…


 

> Clique aqui para ler na íntegra o discurso de Finkielkraut na Academia francesa.

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